O cativeiro da corrupção foi preso na dimensão do tempo

 

      Quando olhamos para todos os sofrimentos enfrentados pelos filhos de Israel, mesmo sendo o povo escolhido por Deus, e para a história de sofrimentos da igreja, a teologia da ilusão romântica pregada no cristianismo tradicional, some completamente. Não é pelo fato de sermos filhos de Deus, que a nossa vida vai ser um mar de rosas, muito pelo contrário. Estamos presos no tempo, o pecado entrou na humanidade e nos transformou em cativos de Satanás, estamos na esfera dos sofrimentos, gemendo e chorando, aguardando a plena redenção do nosso corpo, para ganharmos a liberdade dos filhos de Deus: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós. A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. 

       Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora. E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo. Porque, na esperança, fomos salvos. Ora, esperança que se vê não é esperança; pois o que alguém vê, como o espera? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos” – Rm 8:18-25 (JFAA). Toda criação geme, e ninguém geme de alegria, é a dor que ensina a gemer, o sofrimento é o responsável direto pelos nossos gemidos. O problema do universo foi isolado aqui, e a solução também passou pela dimensão do tempo, Jesus Cristo o nosso Senhor e Salvador! Enquanto Satanás não for preso, no lago de fogo, vamos ter problemas e os sofrimentos nos acompanharão. A redenção realizada por Jesus Cristo, foi o fato objetivo, mas até essa realidade objetiva se tornar a nossa experiencia subjetiva, temos um longo processo que pode durar toda a nossa vida física.

      Quando o Senhor já estava para render o espírito na cruz, Ele falou que tudo estava consumado, de fato, a Sua obra redentora estava terminada. Todavia, Ele estava falando do lado objetivo, ou seja, o inimigo já estava detido na cruz e a obra redentora de Jesus estava concluída: “Depois, vendo Jesus que tudo já estava consumado, para se cumprir a Escritura, disse: Tenho sede! Estava ali um vaso cheio de vinagre. Embeberam de vinagre uma esponja e, fixando-a num caniço de hissopo, lha chegaram à boca. Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito” - Jo 19:28-30 (JFAA). Depois da Sua ressurreição e ascensão, Ele foi entronizado na eternidade, para ser o Senhor de todo universo. Isso já está feito pela eternidade! Porém, aqui na dimensão do tempo, esse fato ainda precisa se tornar subjetivo em cada um de nós. Veja se a experiencia de Paulo também não é a sua experiência: “Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. 

Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros. Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado” – Rm 7:15-25 (JFAA).

      Observe que, uma coisa é o fato objetivo, e outra é a realidade subjetiva do fato. Assim como Paulo, nós também vivemos esse dilema, e vai continuar até a redenção subjetiva ser concluída, então o nosso corpo será transfigurado. Na verdade, subjetivamente, ainda estamos no processo de desinfecção do pecado. Devido à natureza do pecado, a vida humana, se tornou sinônimo de sofrimento constante. Quando, o sábio Salomão percebeu essa verdade, da existência de um vazio no universo, ele chegou à conclusão de que tudo era vaidade. Todavia, ele ainda não tinha o fato objetivo consumado, como Paulo e nós já temos: “Palavra do Pregador, filho de Davi, rei de Jerusalém: Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade.

     Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol? Geração vai e geração vem; mas a terra permanece para sempre. Levanta-se o sol, e põe-se o sol, e volta ao seu lugar, onde nasce de novo. O vento vai para o sul e faz o seu giro para o norte; volve-se, e revolve-se, na sua carreira, e retorna aos seus circuitos. Todos os rios correm para o mar, e o mar não se enche; ao lugar para onde correm os rios, para lá tornam eles a correr. Todas as coisas são canseiras tais, que ninguém as pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem se enchem os ouvidos de ouvir. O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol. Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Não! Já foi nos séculos que foram antes de nós. Já não há lembrança das coisas que precederam; e das coisas posteriores também não haverá memória entre os que hão de vir depois delas. Eu, o Pregador, venho sendo rei de Israel, em Jerusalém. 

      Apliquei o coração a esquadrinhar e a informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu; este enfadonho trabalho impôs Deus aos filhos dos homens, para nele os afligir. Atentei para todas as obras que se fazem debaixo do sol, e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento. Aquilo que é torto não se pode endireitar; e o que falta não se pode calcular. Disse comigo: eis que me engrandeci e sobrepujei em sabedoria a todos os que antes de mim existiram em Jerusalém; com efeito, o meu coração tem tido larga experiência da sabedoria e do conhecimento. Apliquei o coração a conhecer a sabedoria e a saber o que é loucura e o que é estultícia; e vim a saber que também isto é correr atrás do vento. Porque na muita sabedoria há muito enfado; e quem aumenta ciência aumenta tristeza” - Ec 1: 1-18 (JFAA).

      Note que não há nenhuma empolgação nas palavras de Salomão. Você já experimentou correr atrás do vento? Sem Cristo, por mais sábio que o homem seja, não encontrará realidade em nada. Tudo será como um grande vazio permanente ou eventos de mera repetição, realmente nada novo existirá, nem se verá razão para ser ou para existir. Cristo foi Quem deu sentido e realidade objetiva ao universo. Sem Ele, tudo é vaidade de vaidade, é como correr atrás do vento. Não importa quem você seja, ou o que você faça da sua vida, sem Cristo, você experimentará um vazio permanente. Depois da queda de Satanás o universo inteiro foi danificado e a realidade absoluta se recolheu em Deus. Jesus Cristo é a maneira sábia de Deus resolver o problema.